Quem tem medo de Xica Manicongo?

As fotos foram feitas durante o último ensaio de rua da G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti antes do Carnaval 2025. Naquela noite, a escola se preparava para levar à Sapucaí um dos desfiles que mais me emocionu na vida: "Quem tem medo de Xica Manicongo?"

Com esse enredo, a Tuiuti celebrou a história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti não indígena do Brasil — uma africana escravizada no século XVI que desafiou as normas de gênero impostas pela colônia e foi perseguida pela Inquisição.

O desfile trouxe à avenida um manifesto visual contra o preconceito e a violência sistemática que atinge pessoas trans, sobretudo mulheres trans negras, que seguem entre as maiores vítimas de assassinatos no país. O samba-enredo ecoou como um grito de resistência e uma convocação coletiva à celebração da diversidade, da liberdade de existir e do respeito às diferenças.

Entre batuques, corpos vibrando e fantasias que desafiaram o conservadorismo, a Tuiuti fez história — e cada imagem desse ensaio de rua é um registro vivo dessa força que antecedeu o cortejo.